A chance de viver uma paixão.
Minha vontade de leitura tem ido na direção de histórias em que o desejo se impõe. Aqui falo de Me chame pelo seu nome, livro e filme.
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Desde o começo do ano minha vontade de leitura tem ido na direção de histórias em que o desejo se impõe — por um ângulo é a boa, velha e tão humana paixão. Começou com cara de romance de formação, com Sismógrafo (Leonardo Piana), que abalou meu eixo de rotação em vários graus, e foi recomendado de passagem pela Andrea del Fuego numa oficina de escrita. Na mesma trilha veio Me chame pelo seu nome (Andre Aciman).
No feriado que passou, encasulado por uma dor de garganta, li Paixão Simples (Annie Ernaux), e me senti participando de um movimento maior, já que é a escritora cujos livros mais vi por aí desde janeiro. Agora estou saboreando O quarto de Giovanni (James Baldwin), a ponto de marcar as páginas com um lápis, para ir grifando (nunca grifo).
Ambos são recomendação da
, que recomendo demais que assine, neste envio com 3 livros sobre paixão. Volto nos que citei acima em breve. Hoje o assunto é Me chame pelo seu nome. Conheci primeiro o filme (Netflix), que gosto um pouco mais que o livro.A história se passa numa pequena cidade italiana nos anos 1980, em torno de Elio, adolescente filho de um professor. Todo ano seu pai recebe um estudante estrangeiro para um estágio de verão — entra Oliver, americano com uns 20 e tantos anos.
A relação entre Elio e Oliver se desenrola entre banhos na fonte, passeios de bicicleta até o lago e a cidade, folhas de partitura e o piano que Elio toca. A casa é um sonho, imensa e fria, com assoalho que range, um abrigo para o calor escaldante, com um quintal cheio de árvores e uma fonte para se refrescar. E assistimos como espectadores mesmo, entre almoços e jantares com convidados meio chatos, cochilos, preguiça e namorinhos de verão. Demora a ficar claro que Elio está quieto não por tédio, mas porque está lidando com a tormenta do próprio desejo.
O livro tem um sabor diferente porque é narrado pelo próprio Elio, num tom mais visceral: a frustração e a raiva pelos sinais trocados de Oliver, o tesão que sente — não tem hesitação nenhuma. Tem um ponto em que o livro me tira do personagem como se acendesse a luz de serviço na boate. Quando eles vão (finalmente) transar, Elio pergunta "se está tudo bem", num sentido de saúde sexual. É um adolescente italiano nos anos 80, com um tesão arrastado por centenas de páginas, ou um americano puritano e germofóbico? Soou mais o autor cuidando do personagem que o personagem cuidando de si.
Gosto mais do filme porque destila no essencial, que é a imposição do desejo e a chance de viver uma paixão. E, da forma como termina, com um episódio que não existe no livro, surge mais uma leitura.
Numa das cenas mais emocionantes do filme, o pai de Elio reconhece o sofrimento do filho após a partida de Oliver, e o consola. Diz que ele tem muita sorte, que poucas pessoas tem a chance de viver o que ele viveu. E confessa ter desejado homens mas nunca ter agido no sentido de concluir esse desejo.
A cena final é quando Oliver liga para a família italiana no Natal e conta que se casou (com uma mulher). Na minha cabeça surge um recorte de gerações lidando com o desejo. O pai reconhece mas não age, Oliver age mas não banca viver isso, Elio é que vai viver plenamente. É uma hipótese: não fica claro o quanto Oliver se realiza nos encontros com as garotas da cidade e no casamento. Recomendo o livro para entrar na cabeça e no coração do Elio, fico com o filme se precisar escolher.
Que livros e filmes deste universo atormentado do desejo você me recomenda? Me conta nos comentários.
Querido Denis, o refinamento e delicadeza que você possui para o mundo olfativo se expressa tambem nas suas escolhas de filmes. Lendo sua descrição, rememorei a emoção que tb senti ao assisti-lo. Precisamos repetir aquela maravilhosa experiencia olfativa privé que vc me proporcionou ai em Sao Paulo! abraço, Daniela Giacomet, de Brasilia.
Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte
Amor é pensamento
Teorema
Amor é novela
Sexo é cinema
Sexo é imaginação
Fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia
O amor nos torna
Patéticos
Sexo é uma selva
De epiléticos
Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh, oh, uh
Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom
Amor é do bem
Amor sem sexo
É amizade
Sexo sem amor
É vontade
Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes
Amor depois
Sexo vem dos outros
E vai embora
Amor vem de nós
E demora
Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh, oh, uh
Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal
E tal e coisa
Uh, uh, uh
Ai o amor
Hum, o sexo